Montanhas de Konohagakure

*Deixei-me cair numa das rochas mais elevadas a montante da cena que observava. Parecia que tinha chegado a tempo... Deidara, sempre a arranjar problemas com os quais, no fim, acabava por não conseguir lidar. Olhei para o rapaz. O Jinjurikki da Chukaku havia crescido numa maneira interessante. Iria dar trabalho. Apresei-me a criar um genjutsu que me permitisse libertar Deidara antes de o rapaz se perceber o que tinha acontecido*

De repente, o espaço e o tempo pareciam entrar em rotura. Num momento estava já com areia pelos braços, no outro já estava solto. Só poderia ser trabalho de uma pessoa.
- Tsh. Exibicionista... - Disse, baixinho. Voltei-me para trás, à sua procura , e antes de o ter sequer encontrado, gritei - Itachi, seu parvalhão! Mas alguém te pediu ajuda por caso??! Eu tinha tudo controlado!

- Um simples "obrigado" bastava... - Limitei-me a dizer, ainda fixando o rapaz, ponderando se aprofundava mais o genjutsu ou nao. Até que a rapariga me chamou a atenção. Pelos olhos, devia ser uma das herdeiras dos Hyuuga.

Desta vez tinha sido eu apanhado desprevenido. Não contava com um aliado por parte dele. Procurei esse tal de Itachi e encontrei-o no topo de uma rocha, um pouco atrás do outro. Este deveria ter usado um genjutsu especial. Certamente que deveria deter um enorme poder, pois a sua técnica tinha sido executada na perfeição e no entanto ele permanecia calmo, como se nada tivesse acontecido. Foi então que encontrei os seus olhos e comecei a perder a consciência. A única coisa que consegui fazer antes de sucumbir ao poderoso genjutsu ocular foi usar a minha areia para envolver-me completamente a mim e à rapariga.

"Deixei-me novamente cair, desta vez até ao nível onde a batalha estivera a ser travada. Olhei para a grande bola de areia que estava à nossa frente. Já ouvira falar daquele tipo de defesa embora fosse a primeira vez que a via. Olhei para Deidara verificando os estragos"
- Porque não te focas-te na tua missão?

- O que queres dizer com isso? Eu só estava a capturar a rapariga até este rapaz de cabelo vermelho se intrometer.

Itachi tinha ficado de vir nesta missão comigo, mas eu cansei-me do seu passo lento e parti, voando no meu pássaro em argila, em direcção à vila, deixando-o para trás.

Tudo à minha volta estava branco. Eu estava sozinho, a chorar. Era apenas um miúdo, com cerca de cinco anos. Todos se afastavam de mim. Todos me temiam. Todos me odiavam. Podia chorar, mas ninguém me ouviria. Aninhei-me, com os olhos fechados, vertendo lágrimas ao chão. "Porquê?"- pensava eu. "Porque é que ninguém gosta de mim. Porque é que toda a gente me ignora?".
O meu choro era a única coisa que se ouvia naquela paisagem desnudada. Apenas eu e mais nada. Até que... ouvi uma certa voz. Num tom muito baixo, parecia diferenciar aquela solidão.
Parei de chorar, ergui-me e procurei por alguém, alguma coisa, para além de mim.

- Quem está aí? - Disse eu. - Está aí alguém?
Olhava à minha volta, procurando por alguma coisa diferente, mas era tudo branco. Não havia mais nada a não ser eu e o meu sofrimento.
Ouvi novamente a voz, tão baixa que me fez ficar especado, aguardando por mais.
Não tinha a certeza ainda se estava já a delirar ou a ouvir mesmo vozes.
Agarrei com força as mãos à cabeça, atento ao mais pequeno barulho.

*Os mesmos sentimentos perduravam vindos do rapaz, o seu mesmo cubículo de areia a fechar-nos impedindo que o ataque inimigo chegasse mais perto. Voltei a olhar em volta antes de fixar o meu Byakugan activo nele, procurando a fonte daquele gesto de desespero que fora obrigado a fazer. Tentava manter-me concentrada, lembrando ao longe as palavras de Neji que em pouco ou nada ajudavam ao meu propósito. Forte... Mais forte. Mais resistente. Mais rápida.
Cerrei mais os punhos, tentando chegar ao motivo pelo qual aquele que me parecia ser um passado negro continuava presente. Claramente presente. Longe de ser esquecido. A única forma era quebrar aquele genjutsu pelas minhas próprias mãos, aproveitando a discussão que se ia dando lá fora. Algo que fiz com dificuldade mas que se deu em pouco tempo.
Vacilei, de repente, tentando manter-me de pé.*

- Como sempre preferes complicar as coisas...
Olhei de novo para a grande bola de areia, surpreendido quando senti que o meu Genjutsu havia sido dispersado. A garota dos Hyuuga aprendera umas quantas coisas, de facto...

E o que queres dizer com isso, hã? - Respondi-lhe, insultado. - Achas mesmo que estou a complicar as coisas? Temo-los aqui presos, aos dois. Não é isso que queres?
Encarei-o. Parecia-me calmo e zangado ao mesmo tempo. Isso incomodava-me. Dava-lhe um ar de superioridade.
- Tsh. Está na hora dos passarinhos saírem da gaiola.
Enfiei as mãos dentro dos bolsos, e procurei a minha melhor argila; uma que certamente destruiria aquele "castelo de areia".

- Podias ter sido mais rápido. O tempo que tiveste o Sasori como teu senpai não te ensinou a ser mais rápido?
Continuei de olhar fixo na bola de areia, ao mesmo tempo que sentia Deidara a moldar a sua argila. Não era preciso ser um génio para perceber que uma nova explosão iria por em risco a nossa missão.
- Guarda isso. Vais acabar por fazer asneira.
Avancei de encontro àquela fortaleza de areia

Ouvi novamente a voz. Desta vez era mais forte; deu para perceber que era de uma rapariga. No entanto, não entendia o que ela me dizia, como se falasse uma língua que não conhecesse.
Fui caminhando, de encontro à voz. Caminhei, caminhei, até que vi um vulto ao fundo. Só agora me dei conta de que enquanto caminhava crescia. Estava cada vez mais alto. Assim que a vi, tinha já a minha aparência normal. Ela estendia a sua mão. Cheguei-me a ela e, numa tentativa de me salvar da solidão em que estava, agarrei-lhe gentilmente a mão.
Senti-me zonzo, como se um chakra diferente percorresse o meu corpo.
Senti novamente o meu corpo. Lentamente, comecei a abrir os olhos.
À minha frente estava uma parede de areia. A minha areia. Nunca me abandonou, mesmo quando a minha consciência o tinha feito.
Olhei para o lado e reparei que não estava sozinho. A rapariga estava deitada, estourada. Afinal, aquela sensação de um chakra diferente a percorrer o meu corpo tinha sido verdadeira. Ela usara-o para me livrar do Genjutsu.

Itachi aproximava-se do casulo de areia. Certamente que ele conseguiria através de uma técnica com o sharingan dele destruir aquela barreira, mas eu não podia deixar que ele levasse a melhor.
"Já vais ver" - pensei.
Retirei a argila, já modelada, em forma de dois mini dragões, e dirigi-me a Itachi.
- Se fosse a ti saía daí, camarada. Não me responsabilizo por danos colaterais enquanto desempenho o meu papel na missão.
E então, lancei-os contra a bola de areia.

"Nem sequer precisei de olhar para os dragões dele, limitei-me a atirar duas kunais que acertaram em cheio, desviando-as do caminho, limitando-me a lançar-lhe um olhar que dizia claramente para ele ficar quietinho no canto dele.
Pelo chakra do interior, o Jinjurikki já se tinha recomposto e a herdeira dos Hyuuga estava desmaiada. Tudo o que tinha de fazer agora era abrir aquela enorme gaiola de areia que nos separava"

Atirando, com as suas Kunai, as minhas bombas para longe, estas explodiram no ar como dois enormes fogos de artifício.
- Tu...!

- Está-quieto. - Disse-lhe, simplesmente, como se de um cão se tratasse. - A rapariga está desmaiada. Parte do trabalho está feito. O Jinjurikki está fraco, só temos de o desgastar mais um bocado, até a areia deixar de o proteger. Não rebentes com tudo... Literalmente.

- Tsh!
Conformei-me. Sentei-me, de pernas cruzadas, no chão. Cruzei os braços e fiz-me de amuado.
- Sabes que mais, assim que ele sair de lá, és tu que o vais enfrentar sozinho. E não penses que te vou ajudar, mesmo que estejas para morrer.

- Hum...
"Não liguei ao que ele dizia, fixando a areia à nossa frente. Sentia a energia do seu controlador a ficar cada vez mais escassa. Não iria demorar muito mais tempo até ele sucumbir e a areia deixar de o proteger."