Quarto Casal

- Ele sempre... Soube que eu estava interessado em ti. Sempre - repeti-lhe revoltado, soltando-me dela depois - Fodasse, tu não sabias, mas ele sabia! Eu... Eu disse-lhe. Eu disse-lhe e ele... Na primeira oportunidade, foi para a cama contigo. Na primeira oportunidade, ele cagou no que lhe pedi e levou-te para a cama, Alex...

- Eu disse-lhe - confirmei de novo, olhando para o chão, com um suspiro - Não acreditas em mim, é isso? - perguntei-lhe mesmo diretamente.

Cerrei só os punhos, completamente possesso.
- Merda! - apoiei-me só na parede mesmo a tentar conter o ódio. Era isso que eu estava a sentir, de facto. Ódio. Aquele idiota... Tinha conseguido estragar tudo comigo e com ela. Fodasse...! - Fodasse, porque é que...? Que merda, eu nunca lhe fiz nada. Eu... Só lhe pedi... Para... Para não tentar nada contigo. Eu... Fodasse... EU DEVIA-LHE TER PARTIDO A BOCA, CARALHO!

Olhei para ela mesmo com um ar derrotado.
- Não é justo. Não é. Ele traíu-me, Alex - disse-lhe simplesmente olhando-a nos olhos encostado à parede - Ele é um... Traidor - Eu começava a achar que não devia ter-lhe só partido a cara. Aquele murro que lhe tinha dado tinha sido pouco. Eu devia tê-lo mandado para o hospital de vez, mesmo! - Eu amo-te. Eu sempre te amei. Não é justo.

- Eu amo-te - repeti de novo, abraçando-a pela cintura, encostando a testa à dela depois - Amo-te Alex...

Suspirei depois, desviando os olhos, sentindo os músculos ficarem menos tensos a cada contacto da mão dela com o meu peito, a cada palavra que ela me dizia, assim baixinho, chegando perto do meu ouvido aos poucos.
- Se... Se ele se aproxima mais de ti com segundas intenções eu... Eu parto-lhe a cara - disse simplesmente sem me afastar dela dessa vez. Pousei a mão sobre aquela que ela ainda repousava no meu peito, acariciando-lha lentamente - Juras que... Que é a mim que amas?
Olhei nos olhos dela, uma vez mais.

- Só quero... Ouvir-te dizer isso. Porque se o disseres eu... Eu juro que vou acreditar - limitei-me a dizer, fixando os olhos nos dela em seguida.
Já não me recordava exatamente por que motivo me tinha apaixonado por aquela mulher. Talvez fosse o facto de ela me dar tanto na cabeça, de puxar tanto por mim ou até por acreditar bastante nas minhas capacidades, no quão bom eu conseguia ser... Não sabia, ao certo. Mas sabia que o facto de eu saber, eu sentir que era verdadeiro, era o que tornava tudo muito mais especial. Eu queria apenas... Que ela me confirmasse que o que tinha acontecido era mesmo real. Que, mesmo que o Tat... Aquele filho de uma grande.... Isso... Tivesse feito parte da vida dela a um nível mais... Não consigo dizer isto sem me soar a nojento então...: "Sexual"... Era a mim que ela queria do seu lado. Mesmo que aquilo tudo não fosse assim muito certo.

Beijei-a só na testa deixando-a ficar assim um pouco, aninhada nos meus braços. Acariciei-lhe os cabelos devagar, sentindo só o cheiro deles, a sua textura macia a percorrer os meus dedos com o seu toque. Sabia tão bem... Eu tinha dito que iria acreditar. Portanto, era precisamente isso que faria. E não iria falar mais do assunto. Estava farto que tanta coisa desagradável se metesse entre nós, então era melhor não ser eu a trazê-las à baila. Certo?
- Hum... Achas que ainda sobrou pizza? - atirei a sugestão para o ar, deitando a língua de fora, tentando parecer muito mais relaxado e divertido depois, coçando a cabeça - É que ainda tenho uma quanta fomeca...

Ri-me.
- That's right, baby... - disse espreguiçando-me, esticando-me todo, depois de a beijar de novo na testa. Ora... Tendo em conta que depois de comermos tínhamos mandado mais de metade da encomenda mesa abaixo... Só esperava que se tivesse safado uma quantidade suficiente para compensar a nossa fome. A minha, neste caso - Não te demores, okay?
Saí depois do quarto.

Encerrado.