Dormitório do Roy Mustang

Dormitava, com o livro de registo de armamento sobre a cara. Tinha estado a rever aquilo a noite toda... Pelo menos até à hora que me lembrava. Suspirei, sentindo só as pontas das folhas roçarem-me no rosto

Não ouvia nada em minha volta, deixando somente a mão direita e as pernas pendentes na borda da cama. Pelo menos nos sonhos eu tinha alguma tipo de descanso, embora não percebesse que raio estava o D'Aço a fazer na minha casa, no meu dia de descanso, e porque diabo o Alphonse estava com um tutu de ballet.
Mexi-me só um pouco, sorrindo perante a visão. Senti somente o livro deslizar do meu rosto para o meu peito

Despertei aos poucos, quando senti uns lábios quentes e familiares na minha testa. O cheiro suave que se desprendia da pele pela rapidamente me disse quem era. Sorri depois ao ouvir as palavras, que ela entregou ao meu ouvido.
- Se tiver assim sempre uma Tenente a velar pelos meus sonhos, sim eles serão bons. - Disse baixinho, buscando pelos olhos dela com os meus depois

Sorri ao vê-la mudar logo de postura. De facto não se podia, de todo, acreditar em tudo o que aquela mulher deixava que se visse à primeira vista.
- Tanta rigidez para quê? Estavas tão bem perto de mim... - Estendi a mão para a dela, puxando-a para mim, fazendo a deitar por cima de mim, passando-lhe a mão pelo cabelo. - À toda a sua vontade, Tenente...

- Acredita que sei que não estamos, a tua cama é bem mais confortável que a minha - Disse, rindo-me um pouco, puxando-a pela cintura para o meu lado na cama. Encostei a testa à dela depois.- Além de que podemos estar muito mais à vontade... Apesar de aqui também sei que não estamos a ser vigiados mas... Há sempre os vizinhos, que não gostam de barulho - Levantei a sobrancelha, sugestivamente

- Ahh, essas! - Fiz cara de descaso, alinhando na brincadeira, abanando a mão. - Essas são pacíficas, de qualquer forma nunca as trago cá a casa, sei o mínimo de protecção pessoal, Tenente. E tento em conta a minha presente companhia... - Passei-lhe mais a mão pela cintura. - Duvido que elas se atrevessem, correriam o risco de sair seriamente queimadas

- Eu queimo sempre as minhas amantes... Com jeitinho claro. - Disse só olhando-a depois muito sério, ao passar lhe a mao pelas costas. - Se bem que... Só uma tem as marcas... Logo a que me é mais importante...

Olhei-a bem fundo nos olhos, percebendo onde ela queria chegar com aquela pergunta.
- Porque tu nunca desististe de mim. Por pior que me visses... Por mais gente que me tenhas visto a matar... - Passei-lhe a mão pelo rosto, carinhosamente. - Além de que não me vou afastar da única pessoa a quem, alguma vez confiei as costas. Sei que me pararás se alguma vez seguir o caminho errado. Porque... Sem ti, tenho a certeza que o vou seguir. E porque... Bem... - Exalei profundamente, encostando a testa à dela. - A razão maior é que nunca devemos desistir de quem amamos.