Sala de Estar

Olhei para a porta, sentindo a raiva ferver, mal ouvi a voz dele. É que... A sério?! Aquele cabrão tinha mesmo ido até ali??? Fodaaaa-ssssssseeeee!! Eu sei que me tinha que controlar, eu tinha optado por não falar mais do assunto, eu sei, mas... Ahhh, eu tinha uma coisa a subir-me espinha acima até aos punhos desde que ela me contara a verdade, ninguém me podia condenar por eu lhe partir a cara só daquela vez, pois não?
Não.
Ora bem.
Larguei a caixa da pizza, engolindo a última dentada daquela fatia, esticando o punho fechado para trás ao sair porta da sala fora. Filho da mãe, ele ia pagar-mas, e antes que a Alex pudesse impedir-me de eu ajustar as nossas contas. Acertei-lhe em cheio na boca, mal o apanhei a virar a cara na direcção da sala. Eu tinha dito que lhe dava um soco se ele viesse com segundas intenções para cima dela. Eu devia-lhe aquele murro! Além disso... A forma como ele a havia chamado soava tão a... AHHH, QUE RAIVA, ELE ESTAVA A MERECÊ-LAS E PRONTO! Eu não precisava de uma justificação, aquele murro era merecido! E se ele fizesse alarido, a coisa só ia piorar!

Afastei-me a olhar para ele ainda, de punhos cerrados.
- Deixa a chave e desaparece! - gritei-lhe somente, talvez um pouco mais alto do que devesse. Não queria saber, ele é que tinha ido até ali, eu não tinha ido à procura dele, pois não? Eu estava a avisá-lo. Se ele não queria que a coisa tomasse outras proporções era melhor saír dali... Ou então, o próximo murro não ia ser tão levezinho.

- Estamos juntos sim! - gritei de novo, ainda de punhos cerrados - Tu sempre soubeste que eu amava a Alex e mesmo assim foste um cabrãozinho de merda quando te fizeste a ela apesar do que eu te disse, Tatsuya. Querias o quê? Que te recebesse com um abraço caloroso?

- Por favor Taiga... - tentei ainda pedir, fazendo-o sentar no sofá com todas as minhas forças a quase não serem suficientes... Não quando ele estava naquele estado. Suspirei depois, afastando o cabelo dos olhos, olhando para o Tatsuya. - Como ele disse, nós estamos juntos sim. Nós dois já não tinhamos nada Tatsuya, acho que nunca houve realmente nada... Mas eu não quero que saiam daqui como inimigos... Vocês são praticamente irmãos, desde pequeninos...

Levantei-me de imediato, cerrando mais os punhos.
- "Foste à luta"? Diz-me lá que luta é essa em que jogas sujo, meu cabrão? - perguntei cada vez mais virado do avesso - Se querias assim tanto ir à luta por ela pelo menos tinhas-me dado a oportunidade de saber com o que estava a lidar. Se gostavas dela como dizes tinhas-me dito naquela altura, em vez de me traires como traiste quando te meteste com ela. Porque tu sempre soubeste com o que contavas da minha parte. Se estivesses assim tão interessado em lutar por ela sem mentiras não tinhas feito tudo nas minhas costas como se tivesses a gozar com a minha cara! Mentiste-nos aos dois! A mim e a ela! Ou foi por teres medo que ela não te quisesse da mesma maneira que nunca lhe contaste que sabias que eu sentia alguma coisa quando ela to perguntou? O que fizeste... Fizeste por maldade. Porque és um grandecíssimo cabrão, isso sim!