Quarto Casal

Abracei-a só depois, escondendo o rosto no ombro dela, com um suspiro longo.
- Don't leave me... Please... Never leave me alone, Alex... - pedi-lhe só no mesmo tom, abraçando-a sempre pela cintura com cuidado.

Abracei-a só, deixando-me ficar assim no quentinho do corpo dela, como um bebé. Lembrava-me de quando era mais novo ela me abraçar algumas vezes mas, talvez por eu ser tão envergonhado, e pelo Tatsuya se rir bastante da minha cara quando ela nos beijava ou agarrava, eu nunca gostara muito desses apertos. Mas... Agora as coisas tinham claramente mudado. Eu gostava dela. Amava-a a sério. Ela já não era apenas a minha Mestre. Agora, mais do que nunca, eu só queria que ela estivesse do meu lado para sempre como mulher.
Beijei-a pelo ombro muitas vezes, aninhando-me só sem dizer mais nada.

Levantei o rosto para olhá-la, procurando-lhe os lábios de novo antes de beijá-la ternamente.

Beijei-a só calmamente, movendo muito devagar os lábios nos dela, mesmo com todo o carinho.

Sorri entre o roçar dos nossos lábios, beijando-a pelo rosto depois muitas vezes, até me cansar de o fazer, só a abraçá-la.
- Hum... Não sabes o quanto eu queria estar contigo assim... Já há tanto tempo, minha leoa chata... - ri-me depois, roçando só o nariz pela bochecha dela, devagarinho.

Suspirei, mesmo a sentir-me picado com o que ela tinha dito.
- A sério? Sabes que eu tenho força suficiente para partir a cara a qualquer tipo que se aproxime de ti mais do que a conta, não sabes? - olhei nos olhos dela depois, durante um bocado, acabando por me deixar rir em seguida, ao lembrar-me de uma vez que havia dito algo parecido com essas mesmas palavras ao Tatsuya, quando éramos mais novos. "Se te vejo cheio de olhinhos para cima dela, rebento-te a cara. Sabes que tenho força suficiente para isso, não sabes... Mano?" - Sabes que... - disse com um ar meio divertido - ... uma vez... Cheguei a brigar com uns tipos por tua causa? O Tatsuya, incluído, no meio deles.

Parei com os sorrisos depois, engolindo em seco, quando ela fez aquela pergunta. Não sei por que razão mas... Havia algo no olhar dela que me dizia que o assunto era bastante sério. E raios... Eu odiava quando o assunto era sério!
Fiquei só a encará-la, fixando os olhos dela, seguidamente, sem saber que resposta dar além de um simples aceno de cabeça, como que a encorajá-la a continuar. Porque é que eu sentia aquele estúpido aperto no peito? Como se algo estivesse mal? Como se... Algo estivesse prestes a sair do alcance do meu controlo? Fuck... Eu odiava mesmo quando o assunto era sério ao ponto de me fazer sentir assim.

Fiquei a olhar para ela, meio sem acreditar, procurando um vestígio de mentira em cada frase que ela acabara de dizer-me. Mastigava cada palavra, cada sílaba, como se esperasse apenas que ela ri-se e me dissesse que o nome que acabara de apontar era apenas uma brincadeira. De toda a gente... De entre todos os homens... Porquê logo o Tatsuya? Porquê logo ele? Porquê precisamente ele?
FUCK...! Claro. Eu tinha sido tão otário que tinha acreditado mesmo que ele se iria afastar dela só porque eu lhe havia dito para o fazer. Eu tinha sido estúpido ao ponto de acreditar nele mais uma vez. Aquele aldrabão, bastardo, aquele filho de uma grandecíssima...! AHHHH!!!!
Não... Era mentira, não era? Ela só estava a brincar, a... A testar os meus ciúmes, só podia ser isso. Só podia, que merda!
- Estás... A gozar, não estás...? - perguntei baixinho, sentindo a garganta rouca ao deixar as palavras saírem, ouvindo mesmo a minha voz baixa de mais, quase num murmúrio. Ela... Ela tinha de estar a gozar. Tinha. O Tatsuya não. Eu aguentaria qualquer um mas... O Tatsuya, não... Era quase tão mau como ser o Aho-mine a estar envolvido com ela... Merda, porquê??!

Abanei a cabeça, limitando-me a levantar de cima dela, sem saber o que dizer. Tudo o que... Eu tinha imaginado, todos os meus maiores medos referentemente àquilo, tudo o que... Merda... Então, aquilo era o quê? Ela não estava mesmo a brincar comigo, era isso? Ela não estava a gozar quando dissera que... Ele a andava a comer nas minhas barbas?
Cerrei só os punhos danado, a sentir um peso descomunal no peito. Eu tinha razão então, em sentir que existia algo sério ali no meio de toda aquela conversa. Tinha razão em odiar quando os assuntos eram sérios assim. O meu impulso imediato era o de pegar na primeira coisa que conseguisse e fazer despontar o caos naquele quarto. Mas contive-o. A merda da mobília era quem tinha menos culpa. Na verdade, devia ter tanta culpa como eu.
Ahhhh, mas... Não... Eu não ia engolir aquele sapo. Não ia, mesmo! Podia engolir todos, com qualquer gajo... Com o Tatsuya não. Definitivamente.
Fui só a passos largos directo à minha roupa que ainda estava completamente abandonada no chão do quarto, pegando nas calças em silêncio. Ela já tinha confirmado, então... Antes de qualquer coisa... Eu ia tratar daquela merda daquele assunto. O quanto antes. Antes que ela se lembrasse sequer de me impedir, principalmente. E antes que ela me visse chorar, antes de qualquer coisa, que era só o que me apetecia, de tão furioso que estava.

Tentei aguentar-me para não soluçar, enfiando a t-shirt cabeça abaixo sempre de costas para ela. Eu sabia que ela me conhecia... Bem demais, qualquer palavra que eu dissesse a faria perceber o meu estado naquele momento. Merda, eu tinha-lhe dito! Eu tinha-lhe dito, ele sabia! Aquele filho de uma grandecíssima puta - que a mãe dele não tinha culpa nenhuma - sabia e mesmo assim tinha feito tudo nas minhas costas! Aquele... Cabrão... Como é que eu alguma vez o tinha visto como um irmão, caralho?! Como???! Eu era mesmo um otário, não era? Ele devia rir-se pouco na minha cara... Quase que imaginava o quanto eles os dois se tinham rido juntos de mim... Merda... Eu não merecia esta merda! Não merecia...!

- TEVE GRAÇA NÃO TEVE?! - limitei-me a perguntar-lhe, deixando a voz subir de tom à medida que olhava para ela - APOSTO QUE VOCÊS DOIS SE RIRAM BASTANTE AQUI DO PARVO DURANTE AS VOSSAS SESSÕES CÁ EM CASA, NÃO É? FOI O QUÊ, ELE SEMPRE PARECEU MAIS HOMEM QUE EU, É ISSO? - olhei-a fundo nos olhos, ainda a gritar a plenos pulmões - ACHA-LO MAIS HOMEM QUE A MIM? É ISSO, ALEX? GOSTAS MAIS DELE QUE DE MIM, É, NÃO É? E NÃO ME VENHAS DIZER QUE NÃO SENTES NADA POR ELE, PORQUE SE NÃO SENTISSES ELE NEM SEQUER TINHA A MERDA DA TUA CHAVE PORQUE NEM TE DARIAS AO TRABALHO DISSO! FODASSE...! - deixei-me chorar depois, desviando os olhos no mesmo instante e indo direto pegar no casaco que deixara pendurado na porta, sem conseguir falar mais do assunto, todo a tremer.

Olhei-a mesmo magoado. Na verdade... Em parte, a culpa nem era dela mas... Eu sentia-me tão traído, que merda...! Porque é que...? Eu...?
- ELE SABIA! - consegui gritar ainda, antes de ir totalmente abaixo - Ele... Ele sabia, que merda... Ele sempre soube e mesmo assim... Fodasse... Não é justo, caralho... Não é justo, eu... Eu nunca faria isso, porque é que...? Merda...