Quarto

Tinham passado quase 5 dias desde que havia chegado à America. Estava em casa desde aí, sozinha, não deixava ninguém ver-me. Ficava na cama, sem comer, sair dali sequer para ver a luz do sol o dia inteiro. Chorava repetidamente algumas vezes. Depois acalmava e acabava por adormecer, devido ao efeito dos comprimidos.
Naquela manhã acordei sobresssaltada de um pesadelo enorme. Tinha sonhado com ele, uma vez mais. Acabei por pegar no telefone e marquei o número do telemóvel dele. Não tardou muito até que a irmã viesse atender e me dissesse que lhe iria passar a ligação.

- Aqui -

Foram quase dois dias cansativos de viagem para a América. A minha cabeça estava a zeros. Aluguei um carro e guiei até casa dela. As janelas estavam todas fechadas mas eu sabia que ela estava ali. Subi as escadas que iam dar à porta das traseiras do quarto dela para o qual eu tinha a chave. Chuvia a cantaros e eu já estava completamente encharcado.
Abri a porta devagar, espreitando para a cama. Eu sabia que ela ia estar ali... Entrei e fechei a porta de novo, pousando a minha mala

Tirei a camisola e a camisa que estavam ensopadas. As calças ainda se safava, mas a parte de cima não. Fui ao armário dela e encontrei algumas roupas minhas que lá tinha deixado da última vez e vesti-as. Sentei-me depois ao pé dela e passei-lhe a mão pelo cabelo dela.
- Reira?

- Reira... Fala comigo por favor... - Deitei-me ao lado dela, passando sempre a mão pelo cabelo dela.

- Schh... - Disse baixinho, deixando-a abraçar-se a mim e passando as mãos pelos ombros dela. - Eu estou aqui... Está tudo bem

Deixei-a estar só assim, fazendo-lhe carinho no cabelo e nos ombros. Assim que ela parou de chorar passei as mãos pelo rosto dela para lhe limpar os restos das lágrimas que ainda lhe marcavam o rosto

- O que se passa? - Perguntei-lhe baixinho, como se fosse um segredo

Deixei-a estar assim, passando sempre as maos pelo cabelo dela, em constantes carícias. Tinha sentido falta do toque dela...

Passei a mão pelo rosto dela com todo o cuidado. Tinha me controlado durante demasiado tempo... Agora era a vez de a compensar... De nos compensar a ambos

Correspondi, igualmente devagar.
Os dias de me esforçar por a rejeitar tinham acabado

Correspondi sempre, da mesma maneira, sentindo so os suaves labios dela nos meus. Como? Como é que eu havia resistido durante tanto tempo? Devia receber um prémio por nao ceder a tal tentaçao
- I know, I know... I love you too - Disse encostando a testa à dela

How do you mean? - Perguntei sem perceber, beijando-a sempre pela testa com carinho