Quarto do Levi

- Medo de quê? - Inquiri no tom mais calmo que conseguia na altura, acalmando o suficiente a minha raiva gerada pelos meus pensamentos, ao ponto de conseguir levantar a mão e aconchegar o rosto dela na palma. Mais uma vez... Completamente compatível, a bochecha dela descansava perfeitamente na minha mão. - Tens medo de que eu não sinta o mesmo que tu... Mas preferes esconder-tes por detrás de lágrimas sem sequer o confirmares. O que é que eu vos costumo dizer sobre o medo, Petra? - Esperei que ela respondesse, o que não foi o caso. - Que vos faz sentir vivos, certo? Que vos paralisa, que vos faz tremer, que vos faz ou não tomar uma decisão, mas faz-vos sentir vivos, certo? - Mais uma vez nenhuma resposta. Soltei um "tsc" habitual meu, antes lhe de pegar no rosto com ambas as mãos. - Olha para mim nos meus olhos. Diz-me se eu tenho medo, Petra.

Abanei a cabeça, suspirando só, ao perceber que ela perdera a fala e a emoção ameaçava escorrer-lhe num fio pelos olhos. Só lhe mantive a cabeça erguida, lacrando-lhe os lábios com os meus.

Deixei-me ir de novo para cima da cama, sentindo as mãos e os braços dela em volta do meu pescoço e dos meus ombros, plenamente consciente que, ao contrário de mim, por debaixo daqueles lençóis, ela ainda estava totalmente como eu a deixara de noite.

Deixei só as mãos dela procurarem por mim, afastando a roupa que eu demorava a vestir, raspando as unhas de novo nos sítios onde as marcas dela repousavam. A minha boca e os meus dentes procuraram também paragens familiares, pelo pescoço e pelo peito dela.

Só retirei a capa, o casaco e os cintos da parte de cima, deixando-a ocupar-se com a camisa, enquanto eu a fitava, tentando encontrar algum fio de raciocínio no meio de tudo aquilo. Mas nem um.
Passei as mãos pelo cabelo dela, apoiando os braços sobre a cama de modo a prende-la ali, olhando.a muito fundo nos olhos.
- Que diabo estás a fazer comigo, Petra? - perguntei num tom de voz sussurrado antes de lhe procurar os lábios novamente.

- Só sou senhor lá fora... Agora sou só Levi. - Corrigi, tomando-lhe uma madeixa de cabelo nas minhas mãos. E sou só teu, foram as seguintes palavras sussurradas ao ouvido dela, um segredo só nosso, que nos podia literalmente custar a vida, se viesse a ser descoberto. Porque eu acreditava que, naquele momento, se fossemos separados... Seria como assinar uma sentença de morte para nós os dois. Partindo do princípio, claro, que eu deixaria que a levassem para longe de mim.

Só a beijei num impulso ao ouvir aquelas palavras. Palavras que ouvi-a pela primeira vez na minha vida. Palavras que nunca antes soubera o significado porque nunca houvera quem as dissesse com sentido. Aceitei a perna dela na minha mão, levando-a mais à minha cintura de forma a nos juntar mais, os nossos lábios naquela habitual dança faminta que já durava há horas, com alguns intervalos. A cada pausa, a cada necessidade de respirar, repetia as palavras dela contra os sseus lábios, um leve murmurio, mais um segredo só nosso.

Os movimentos agora eram mais fáceis de ser executados. Cada um já tinha a noção da anatomia do outro. Já sabia todos os recantos escondidos, todos os pedaços de pele que podiam provocar para levar o outro a fazer o que queria. E ela era tão facilmente provocada... Ainda mais estando numa posição de desvantagem, dado que ainda se encontrava despida, somente à mercê das minhas mãos. Olhei-a, faminto, emoldurando-lhe o corpo de encontro as minhas mãos, percorrendo-lhe cada centímetro de pele.

Beijei-a pelo peito, roçando os dentes sentindo a pele dela responder ao meu toque, as minhas mãos ávidas a procurarem-lhe cada vez mais pelo corpo dela, há medida que lhe descobria de novo as pernas, prensando-as contra a minha cintura, sentindo o quando ela já estava preparada somente pelo calor que me passava por entre o tecido das calças.

Retirei toda a minha roupa de novo, jogando-a para um canto qualquer do meu quarto, antes de a beijar de novo com aquela fúria animal tão característica, provocando-a uma vez mais ao máximo, antes de entrar nela uma vez mais, sentindo como ela agora já me recebia de tão bom grado. Já não havia aquele receio de ir rápido de mais, forte de mais. Não depois do sexto round de durante a noite. A minha cama lembrar-se-ia dele de certeza, bem como a pessoa que dormia no quarto anexo ao meu, tento em conta a força com que as dois madeiras haviam chocado durante algumas estocadas que nos haviam deixado aos dois perto do limite.

Os gemidos dela juntamente com o encontrar surdo dos nossos corpos um no outro a cada estocada, juntamente com o bater violento da cama contra a parede eram música para mim. Só lhe capturei os lábios nos meus da mesma forma bruta com que a possuía, fazendo com que nova luta se travasse entre a minha língua e a dela. Aquele momento era só nosso...
Só nosso...
Até a porta do meu quarto se abrir com um estrondo desnecessário e aquela voz irritante chegar aos meus ouvidos.
- Caramba Levi, vou te contar. Para um nanico fazes o quartel estremecer mais do que aquando de uma invasão de titans, han?
- Merda Hanji, sai daqui!!! - Gritei-lhe, tendo apenas tempo de puxar os cobertores para cima de nós, capturando apenas um vislumbre dela: encostada à ombreira da porta, de braços cruzados, com o sorriso mais idiota que já lhe tinha visto no rosto. - Vai te embora!
- Ora porquê? Já vi e ouvi tudo o que havia para ver e ouvir. Aliás, acho que toda a ala ouviu tudo, claro como água. - Ouvi de novo aquele irritante riso de hiena. - Quem diria han?! Passei anos a gozar-te por seres um velho resmungão virgem e tu pagas-me com uma moeda daquelas que não dão para dormir. Nunca mais dúvido da tua potência, lá isso...

- Fodasse Hanji, saí ou eu juro que...!
- Sim sim, metes-me a cagar cabedal de tão fundo que vais enfiar as botas pela minha boca a dentro. Tens de reciclar o teu repertório de ameaças, sabes? Até porque se mais alguém descobrir, vais precisar. E Ohh-Meu-Deus, quando o Erwin souber, hahahaha!!
Revirei os olhos enquanto a ouvia a cair ao chão, sem dúvida para rebolar por ele como uma ratazana com óculos, as mãos em volta da barriga, histerissismo no máximo. Olhei para a Petra, completamente enterrada nos meus braços, sentindo-a a tremer de encontro a mim. Mas não era de medo. Eu conhecia aquele tremor... Era de desejo. Tal como eu, ela ainda estava desejosa que a gente conseguisse chegar ao fim, eu sentia-o na forma como ela ainda me apertava dentro dela.
- Está tudo tão caladinho, adormeceram aqui debaixo? - É que a sério que ela nos tinha vindo espreitar?!? Eu ainda tentei agarrar nos lençois, mas ela já tinha fugido com a ponta, destapando-me até ao meio das costas.
- Hanji se eu te apanho... - Tentei apanha-la pela capa, sentindo o tecido fugir à última da hora pelos meus dedos, acompanhado de mais uma risadinha.
- Petra tens de o disciplinar. E convence-lo a afastar a cama da parede... Eu e o resto da ala norte agradecemos-te, antecipadamente.