Casa de Banho

Entrei na casa de banho ainda meio esbaforido, todo a tremer de danado, pousando as coisas a um canto ao pé do armário grande que estava encostado à parede. Abri a torneira do lavatório e encharquei a cara com as mãos, olhando o espelho um bocado. Vi uma ruga formar-se na minha testa entre as sobrancelhas. Aff... Que raiva daquele convencidinho mesmo -.-' Eu odiava-o, de facto. "A luz dele não brilha assim tanto, blah, blah, blah..." Ele que fosse mas era à merda que ia muito bem, sabem que mais??!

- Ele tem a mania que é melhor do que eu! - levantei só a voz, olhando-a de lado - Durante os treinos, nos jogos, ele tem sempre a mania que é melhor do que eu. E, sinceramente falando, eu detesto tipos como ele - peguei na toalha levando-a à cara e enxugando-a. Talvez eu até soubesse mesmo porque é que o odiava. Ele fazia-me lembrar demasiado o Tatsuya, às vezes. Isso era terminantemente irritante para o meu gosto - Peço desculpas se quis mandar em quem convidas para a tua casa, não volta a acontecer - não a olhei, dessa vez, pousando somente a toalha no lugar.

- Podes crer que vou fazê-lo engoli-las - garanti-lhe apenas, limitando-me a baixar a camisola em seguida - Ele não perde pela demora. E não é por agora estarmos na mesma equipa que deixámos de ser rivais em muitas coisas.

Olhei-a de sobrancelhas arqueadas, de novo a sentir aquela ruga insuportável formar-se entre elas, devido à minha tremenda confusão. Oookay... Que raio queria ela ameaçar, agora?
- What? - perguntei, simplesmente.

Olhei para o indicador dela, por momentos, deixando a minha língua passar pelos meus lábios antes de me esforçar por não os morder, pelo menos, visivelmente. Engoli em seco apenas, antes de a olhar nos olhos. Não me contive muito em manter a distância. Limitei-me apenas a avançar e roubar-lhe um beijo de tirar o fôlego, sem grandes explicações, enlaçando-lhe a cintura com os meus braços.

Puxei-a só mais para mim, sem parar com os beijos, antes de lhe prensar os pulsos contra a porta não me desencostando dela. Podia ser que assim ela já percebesse porque é que a porra da provocação dela me tinha irritado tanto -.-'

Abracei-a só pela cintura de novo antes de roçar os dentes nos seus lábios, fazendo ao mesmo tempo as minhas mãos deslizarem pelas suas nádegas antes de a puxarem para o meu colo. Olhei-a só nos olhos, mantendo-lhe o corpo encostado à porta.
- Já sei mais coisas do que aquilo que pensas... Loira gostosa - beijei-a de chapa de novo, mantendo-a sempre colada a mim.

Beijei-a de novo de chapa, encostando-a só mais à porta.
- Não queres antes... Ir para o teu quarto? - perguntei só ao ouvido dela, mordendo-a na orelha, sedutor, também.

Peguei melhor nela só contra o meu corpo, levando-a para o quarto só sem parar com os beijos.

Encerrado.

Entrei na casa de banho, abrindo as cortinas da banheira e tirando uma toalha do armário para a pôr a jeito, tirando os boxers de novo, depois, sempre com a mesma expressão tristonha.

Parei de repente, antes de entrar na banheira. De facto... Às vezes, ela não me conhecia, de todo.
- Eu não estou chateado com ninguém - disse simplesmente, sempre de olhos postos no chão, entrando depois e procurando o shampoo e o gel de banho. Suspirei, baixinho. Não, eu não estava chateado. Chateado não. Mas estava triste. Isso sim, sem dúvida. Eu pensava que... Iríamos aproveitar aquele dia, só nós os dois. Pensei que tirássemos uma folga para passar aquele fim-de-semana grande a sós, juntos, para depois voltarmos em força ao activo na Segunda-feira. Mas ela achava mal, tudo bem. Ela tinha responsabilidades. Portanto, eu não tinha o direito de estar chateado. Só que isso não impedia que eu me sentisse triste. E eu não conseguia lutar contra isso, eu sempre tinha sido demasiado transparente, ela sabia-o bem. Ou melhor... Eu julgava que ela sabia, que ela conseguia ver os meus sentimentos através de mim, o que, pelos vistos, não era assim tão verdade.

Detive-me a mim mesmo, antes de abrir a torneira.
- Eu percebo... - sussurrei só baixinho, ainda no mesmo tom. Na verdade, eu percebia. Mas custava-me a aceitar que não houvesse nem um bocadinho de prioridade relativamente a mim para ela, ao pensar em nós dois. Mas conseguia entender. Engoli em seco só, abrindo o chuveiro depois e sentindo a água a ferver cair-me nos cabelos.